Escuto-me sonhar.
Escuto-me sonhar. Embalo-me com o som das minhas imagens… Soletra-me em recônditas melodias (…)
O som duma frase imageada vale tantos gestos! Uma metáfora consola de tantas coisas!
Escuto-me… São cerimoniais em mim… Cortejos… Lantejoulas no meu tédio… Baile de máscaras…Assisto à minha alma com deslumbramento…
Caleidoscópio de fragmentadas sequências, de (…)
Pompa das sensações demasiado vividas…
Leitos régios em castelos desertos, jóias de princesas mortas, por seteiras de castelos, enseadas avistadas; virão sem dúvida as honras e o poderio, para os mais felizes, haverá cortejos nos exílios… […] adormecidas, fios de (…) bordando sedas…
Livro do Desassossego. Vol.I. Fernando Pessoa. (Organização e fixação de inéditos de Teresa Sobral Cunha.) Coimbra: Presença, 1990.
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