REGRESSO DOS DEUSES: Estética [a]
REGRESSO DOS DEUSES: Estética
Mas o critério de perspicuidade não limitará demasiado a arte? Não limita, se atendermos a um ponto importante, que é que há várias artes, cada uma das quais corresponde a um género de perspicuidade. Certos sentimentos vagos e pensamentos nebulosos, que são naturais a todos os homens, encontram a sua expressão em a música.
O critério de perspicuidade é, porém, derivado na arte helénica. O grego amava a perspicuidade porque amava a generalidade, a universalidade e a distinção das artes. Ora, era difícil que uma ideia vaga pudesse ser geral, universal, e caber na arte literária ou escultural, por muito bem que estivesse em a música.
Semelhantemente, não é a sobriedade um característico essencial na estética pagã, senão também um corolário dela.
A arte é o aperfeiçoamento do mundo exterior. Ora este aperfeiçoamento (da Realidade) pode fazer-se de três maneiras: pela alteração do mundo exterior, (...).
Páginas de Estética e de Teoria Literárias. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966.
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