Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
David Merrick

INÊS DE CASTRO

INÊS DE CASTRO

D. Pedro:

(como que prostrado) Oh, frias, frias!

Estas mãos que eu beijei como estão frias!

Como mais frias do que o pensamento

Se as julgasse frias. Oh dor, oh dor!

Estes lábios (...) onde moravam

Os meus no meu ausente pensamento:

De que palidez são pálidos!

Oh horror de te olhar!

Pára-me a alma; sinto-a esfriar-me

O coração morto contigo.

Inês, Inês, Inês...

Não sei como te pensava morta

Que não te pensava assim...

Assim, assim... Teus olhos, eu lembrava-os

No meu coração. Nem ouso vê-los,

Não ouso ver o lugar onde fostes

A vida que era a minha!

Frei (...) Isto é senhor aquilo que amamos.

Que horror é este que te lista o corpo

Que verdor este que (...)

Os pecados que tive

Neste momento são por dor remidos.

Oh horror como ali está ainda a amo

A ela que ali está. Inês, Inês.

Manchei-lhe de sangue o vestido.

Eu matei-os, Inês.

s.d.

Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa . Teresa Rita Lopes. Lisboa: Estampa, 1990.

 - 134.