«Sou mesmo o primeiro poeta que se lembrou de que a Natureza existe.
«Sou mesmo o primeiro poeta que se lembrou de que a Natureza existe. Os outros poetas têm cantado a N[atureza] submetendo-a a eles como se eles fossem Deus; eu canto a N[atureza] submetendo-me a ela, porque nada me indica que eu sou superior a ela, visto que ela me inclui, que eu nasço dela e que (...)
O meu materialismo é um materialismo espontâneo. Sou profundamente e constantemente ateu e materialista. Não houve nunca, na verdade, um materialista e um ateu como eu... Mas isso é porque o mat[erialis]mo e o at[eísmo] só agora, em mim, encontram o seu poeta.» E A. C. de tão curioso modo acentua o eu, o mim que só vê a falsa natureza em que fala.
Dizia-me há tempos esse altíssimo e transviado [?] espírito que é Fernando Pessoa (…)
Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa . Teresa Rita Lopes. Lisboa: Estampa, 1990.
- 360.Entrevista com Alberto Caeiro