Os princípios pagãos do governo social são:
Os princípios pagãos do governo social são:
(1) o direito das aristocracias; isto é, a superioridade dos dirigentes natos aos dirigidos natos: princípio da desigualdade social;
(2) o direito do sexo masculino: princípio da desigualdade sexual;
(3) o direito das nações cultas a governar as nações bárbaras; ou seja, o princípio de desigualdade nacional.
Para a execução destes direitos é mister que haja
(1) a ordem social, que permita a força social estar com as minorias educadas; o que só se consegue quando a norma directriz das sociedades se encontra focada nas suas aristocracias, isto é, quando é uma norma que o povo (a plebe) sente mas sente que não compreende;
(2) a ordem sexual, quando as circunstâncias sociais não tendem a estabelecer uma igualdade de sexos;
(3) a ordem nacional, quando a força é dos cultos.
Modernamente há a subversão total deste critério:
(1) pela democracia, que põe o critério decisivo no número, não na inteligência.
(2) pela pressão económica, que, atirando as mulheres para a vida extra-doméstica, tende fatalmente a estabelecer essa igualdade com os homens.
(3) pelo critério brutal da força, que tende a implicar que quem deve mandar é o mais forte.
Assim se aliam, no critério, os aliados e os alemães nesta guerra, cada qual representante das fórmulas anárquicas da decadência.
É, como no império decadente, o domínio do escravo, da mulher e do soldado. O domínio do escravo, porque do maior número; o da mulher, porque do sentimento sobre a razão; o do soldado, porque, na instabilidade e na decadência social, manda quem bate.
Sempre que, num período social, o sentimento manda mais que a razão, ver-se-á que a mulher tende a mandar também, de uma maneira ou de outra, por uma, ou outra, razão. O romantismo foi uma invasão feminina.
Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa . Teresa Rita Lopes. Lisboa: Estampa, 1990.
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