Há três imperialismos: de domínio, de expansão e de cultura.
Império
Há três imperialismos: de domínio, de expansão e de cultura.
O imperialismo de domínio comporta três expressões: (1) Imperialismo unificador - aquele cujo fim é reduzir a uma unidade, para fins civilizacionais (ainda que egoisticamente instintizados os povos de uma região falando a mesma língua, mas que por razões diversas se não achem fundidas num só povo). (2) Imperialismo cesarista - aquele em que a nação imperialista procura dominar o mais possível, seja quem for, apenas para aumentar o seu território, e para sentir a sua grandeza. (3) Imperialismo hegemónico - aquele em que a nação imperialista procura apenas valorizar-se (e não, já, sentir-se grande) pelo domínio de outros povos: O 1º caso é o da Prússia sobre o resto da Alemanha. O 2.° é o de Roma sobre o que pode alcançar da terra. O 3º é o da Áustria e, até certo ponto, da Espanha.
IMPERIALISMO DE EXPANSÃO
(1) O que coloniza territórios desertos ou de raças incivilizáveis.
(2) O que se aproveita de raças decadentes.
(Inglaterra no Egipto e na Índia.)
(3) O que procura dominar raças civilizadas, mas, ou mais fracas, ou menos civilizadas do que ela [?], sob, pelo menos, alguns pontos de vista.
IMPERIALISMO DE CULTURA
(1) O que procura não dominar materialmente, mas influenciar; dominar pela absorção psíquica. (É um imperialismo de expansão espiritual. - A França é o grande exemplo.)
(2) O que procura criar novos valores civilizacionais para despertar outras nações.
A Grécia, Portugal das descobertas
(3) O que procura dominar ou colonizar para civilizar ou modificar as raças indígenas, sejam inferiores, decadentes ou apenas menos civilizadas.
(Última fase do império colonial inglês)
É preciso não cair no erro de julgar que qualquer destes imperialismos é necessariamente consciente. Pode sê-lo e pode não o ser. O resultado da acção, o seu sentido deduzível [?] é que vale - não a intenção, senão correctivamente.
Na evolução de uma civilização, o primeiro estádio é o do imperialismo de domínio; segue-se o da expansão, acaba pelo da cultura. É que a uma civilização decadente, onde o poder militar fraqueja, onde o comércio [...], só resta de grande a cultura que produziu, porque essa - ao contrário da força militar e do vigor comercial, que são coisas presentes - domina desde o passado, fica.
Assim o estádio da Renascença foi o do Imperialismo de domínio, o do século XIX, o da expansão, passamos agora, através da dissolução desses dois imperialismos, para a formação do imperialismo de cultura. Dominavam menos na Renascença aquelas nações cujo império não era de domínio: assim, dominavam a Espanha principalmente, e Portugal, por exemplo, na proporção em que foi de domínio o seu essencial imperialismo de cultura.
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
- 74.


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