Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa

Uma voz como um suspiro:

Uma voz como um suspiro:

Quem sabe se ainda

Não é mais profundo

Do que o pensamento

O enigma do mundo!

Quem sabe, quem sabe!

Horror, ai horror!

Se também ser basta,

Voraz pensador!

Mais frio, mais doido

O mistério será

Do que tu achaste!

Se ainda haverá,

Além do Além,

Horror mais horror!

Também deliraste,

Oh monstro de Dor!

Depressa, depressa,

Lembremos enfim:

Pensar é viver,

Mistérios e dor,

Sonhar e descrer

Horror, tudo horror!

Numa noite sem fim.

s.d.

Fausto - Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988.

 - 184.