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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Álvaro de Campos

I - Todas as coisas são impressionantes.

I

Todas as coisas são impressionantes.

Enquanto houver no mundo sangue e rosas

Há-de haver sempre certos bons instantes

Em que se passam coisas sem ser coisas.

 

Meu coração, um solavanco, ou antes

Em intervalo consciente. Lousas

Cobrem os que como eu tinham rompantes

Em que iam à conquista das teimosas.

 

Mas o foguete é um símbolo que sobe

Para cair, depois de ruídos no alto

Mera cana caduca, e até sobre

 

Quem o deitou... E o que um garoto leva

Da rua — a cana ardida — é quanto falto...

Que absurdo pirotécnico me eleva?

9-9-1932

“Costa do Sol”. Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993.

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