I - Todas as coisas são impressionantes.
I
Todas as coisas são impressionantes.
Enquanto houver no mundo sangue e rosas
Há-de haver sempre certos bons instantes
Em que se passam coisas sem ser coisas.
Meu coração, um solavanco, ou antes
Em intervalo consciente. Lousas
Cobrem os que como eu tinham rompantes
Em que iam à conquista das teimosas.
Mas o foguete é um símbolo que sobe
Para cair, depois de ruídos no alto
Mera cana caduca, e até sobre
Quem o deitou... E o que um garoto leva
Da rua — a cana ardida — é quanto falto...
Que absurdo pirotécnico me eleva?
“Costa do Sol”. Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993.
- 162.