A «águia imperial», no primeiro caso é Napoleão,
A «águia imperial», no primeiro caso é Napoleão, pois que A às avessas e com a perna do meio tirada e posta atrás dá N, inicial daquele nome. No segundo caso é D. Pedro IV, que fundou o Império do Brasil, e o A às avessas dá V, e pondo atrás a perna do meio dá IV.
Os «seus filhos» no caso de Napoleão são as consequências da invasão — as ideias liberais, que se espalharam então aqui . No caso de D. Pedro IV, e 1.° do Brasil, [...].
Neste sonho indica o Bandarra as divisões dos portugueses — pelas ideias liberais, em que se cindem em partidos e se separam da sua própria alma; pela independência do Brasil, e porventura no futuro de outras colónias, pela qual materialmente se divide o império.
«Vir do mundo encoberto» é ser dado pelo Destino, ou por Deus, e não pelo esforço humano, ou por planos que se façam. O mundo encoberto não é a mesma coisa que a «ilha encoberta», como se vê.
Passados cem janeiros. Mas passados desde quando? Desde que a águia imperial (verso seguinte) faz o ninho em Portugal. É um caso. Desde o levantamento em bando de outro povo qualquer. É o segundo caso. O terceiro caso, que pertence ainda ao futuro, [...]
1. A invasão francesa, a primeira, foi em 1807. Cem Janeiros sobre isto são 1908, que é a data do regicídio, primeiro movimento de onde nasceu a proclamação da República. Se levantarão «em bando», isto é, completamente, porque a Revolução Constitucional não aboliu a monarquia, e o “bando” não ficou portanto dominando por completo.
2. A revolução de influência europeia foi a francesa, que começou no ano, que por isso se tornou célebre, de 1789. Cem anos depois foi que os primeiros portugueses se levantaram em bando, e isto em dois sentidos — passados cem anos exactos no Brasil, onde a República se proclamou em 1889; passados 101 anos, ou 102 em Portugal, porque a Revolta do Porto, em 31 de Janeiro de 1891, foi a primeira sublevação propriamente republicana que houve em Portugal.
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
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