Fernando Pessoa
Desfaze a mala feita para a partida!
Desfaze a mala feita para a partida!
Chegaste a ousar a mala?
Que importa? Desesperas ante a ida
Pois tudo a ti te iguala.
Sempre serás o sonho de ti mesmo.
Vives tentando ser,
Papel rasgado de um intento, a esmo
Atirado ao descrer.
Como as correias cingem
Tudo o que vais levar!
Mas é só a mala e não a ida [?]
Que há-de sempre ficar!
2-7-1931
Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).
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