Meu coração, mistério batido pelas lonas dos ventos...
Meu coração, mistério batido pelas lonas dos ventos...
Bandeira a estralejar desfraldadamente ao alto,
Árvore misturada, curvada, sacudida pelo vendaval,
Agitada como uma espuma verde pegada a si mesma,
(...)
Para sempre condenada à raiz de não se poder exprimir!
Queria gritar alto com uma voz que dissesse!
Queria levar ao menos a um outro coração a consciência do meu!
Queria ser lá fora...
Mas o que Sou? O trapo que foi bandeira,
As folhas varridas para o canto que foram ramos,
As palavras socialmente desentendidas, até por quem as aprecia,
Eu que quis fora a minha alma inteira,
E ficou só a chapéu do mendigo debaixo do automóvel,
Estragado estragado,
E o riso dos rápidos Soou para trás na estrada dos felizes...
Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993.
- 102.


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