Republicanismo: Porque a Monarquia é uma tradição,
Atlantismo
Republicanismo: Porque a Monarquia é uma tradição, porque está ligada a Roma, porque é uma limitação do esforço aristocrático, porque é, de sua natureza, um regime democrático, visto que é o que mais agrada ao Povo.
Nada está acima da ciência. Por isso nenhuma limitação à acção científica, nenhuma limitação mesmo espiritual. A religião é um fenómeno plebeu, uma arte de domínio das castas superiores. Para religião nacional convém arranjar um sistema de misticismo que, por ser nacional, pode ligar todas as almas nacionais, mesmo as que não creiam nele como religião, porque têm de crer nele como patriótico. Criar uma nova Atitude Religiosa, religiosa pura (mística) na sua face virada para o Povo; Artística pura na sua face virada para a Casta Dominante, e, por aí, ainda que não concebida como verdadeira, porque só a ciência busca e atinge a Verdade, concebida como patriótica (nacional), e como bela.
Não se trata de cair no erro pragmatista, de misturar o Útil e o Verdadeiro, mas de os separar, pondo o Verdadeiro na esfera da ciência, e o Útil na esfera da Política. O erro político fundamental tem sido julgar que pode haver uma política verdadeira; não há, há só uma política útil. Só a ciência busca a Verdade e a quer.
Esta é a primeira Nau que parte para as Índias Espirituais buscando-lhes o Caminho Marítimo através dos nevoeiros da alma, que os desvios, erros, e atrasos da actual civilização lhe ergueram!
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
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