Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa

GLOSA

GLOSA

Minha alma sabe-me a antiga

Mas sou de minha lembrança,

Como um eco, uma cantiga.

Bem sei que isto não é nada,

Mas quem dera a alma que seja

O que isto é, como uma estrada.

Talvez eu fosse feliz

Se houvesse em mim o perdão

Do que isto quase que diz.

Porque o esforço é vil e vão,

A verdade, quem a quis?

Escuta só, meu coração.

9-11-1929

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

 - 124.