Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa

Quando o sr. (…) soube do caso, limitou-se, primeiro, a ficar pasmado;

Quando o sr. (…) soube do caso, limitou-se, primeiro, a ficar pasmado; segundo, a rir à gargalhada. Nós, ao sabermos também do caso, nem pasmámos, nem rimos, com ou sem gargalhada.

Não pasmámos porque não há razão para a gente (se) pasmar de um acto que está certo — certo, bem entendido, com a índole das pessoas ou instituições que o praticam.

Não rimos porque nem essas pessoas ou instituições nos dão, por vários motivos, vontade de rir, nem portanto consideramos dignos de alegria nossa os actos pelos quais essas instituições ou pessoas se revelam o que são.

Registramos — eis tudo. Registramos o bem que se definem determinadas pessoas — talvez uma só — e instituições quando dão ordens a uma Censura de que se corte qualquer referência favorável, ainda que puramente literária, a um poeta que um dia se lembrou de... defender num jornal a Maçonaria.

É só um dedo, um dedinho. E pelo dedo se conhece o Anão.

1934?

Pessoa Inédito. Fernando Pessoa. (Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.

 - 198.