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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Na noite que me desconhece

Na noite que me desconhece

O luar vago, transparece

Da lua ainda por haver.

Sonho. Não sei o que me esquece,

Nem sei o que prefiro ser.

Hora intermédia entre o que passa,

Que névoa incógnita esvoaça

Entre o que sinto e o que sou?

A brisa alheiamente abraça.

Durmo. Não sei quem é que estou.

Dói-me tudo por não ser nada.

Da grande noite embainhada

Ninguém tira a conclusão.

Coração, queres? Tudo enfada

Antes só sintas, coração.

18-5-1930

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

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