A crise central da nacionalidade portuguesa deriva da sua impotência…
A crise central da nacionalidade portuguesa deriva da sua impotência para formar escóis. Uma nação vale o que vale o seu escol.
As descobertas e as conquistas que se lhes seguiram, a emigração e as guerras que ambas motivaram, arrastavam consigo, como é natural, a parte mais forte, mais audaz, mais competente da nação. Assim se foi destruindo o escol.
O pior é que o escol se não renovou. Quer isto dizer que não tornaram a haver circunstâncias criadoras de um escol, ou, pelo menos, de um escol perfeito.
Quais são as circunstâncias criadoras de um escol? Um escol é tanto mais perfeito quanto mais: (1) diferente é do resto da população em grau de tudo; (2) quanto mais está contudo unido a esse resto da população por um interesse nacional; (3) acção tem sobre esse resto da população.
O escol não quer dizer uma classe, mas uma série de indivíduos.
Condições auxiliares do escol: (1) a aristocracia de sangue, pois estabelece a cisão no país. País democratizado, país em que baixa imediatamente o nível do escol; (2) [...]
Condições biológicas:
(1) não intervenção do estado em matéria biológica ou demótica;
Condições económicas :
(1) regime concorrencial o mais apertado possível.
Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
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