Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa

Onde o sossego dorme

Onde o sossego dorme

Como se fosse alguém

E à noite negra e enorme

Nem luar nem dia vem.

Ali, quieto, absorto

Em nada já saber,

Quero, quando for morto,

Consciente esquecer...

Deixada a vida incerta,

Perdido o gozo e a dor,

Sob essa noite aberta

Sonhar sem o supor...

Até que ao fim de uma era

Que o tempo não contou

O que eu não reavera

Se mude no que eu sou.

19-11-1933

Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. (Direcção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno.) Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993).

 - 96.