[Carta a Ophélia Queiroz - 2 Jul. 1920]
Bebezinho querido:
Sobressaltou-me a tua carta, e apoquentou-me imenso. O que é que tu tens? Andas agora sempre doente, sempre triste, sempre misteriosa. Nem posso simplesmente apoquentar-me a teu respeito; tenho por força que juntar a essa apoquentação dúvidas, receios vários, coisas por vezes horríveis...
Agora não digo mais. Deixaste-me apoquentado de diversas maneiras; mas sobretudo por causa dessa misteriosa doença...
Desejo muito as tuas melhoras. Oxalá eu te possa ver e falar amanhã.
Muitos beijos do teu, muito teu
Fernando
2/7/1920
Cartas de Amor. Fernando Pessoa. (Organização, posfácio e notas de David Mourão Ferreira. Preâmbulo e estabelecimento do texto de Maria da Graça Queiroz.) Lisboa: Ática, 1978 (3ª ed. 1994).
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