O tempo em si contém a possibilidade de todas as durações;
O tempo em si contém a possibilidade de todas as durações; o espaço em si a possibilidade de todos os tamanhos, de todas as extensões; a forma em si a possibilidade tanto do círculo como do triângulo, a possibilidade de todas as formas.
Assim como o tempo-em-si, isto é, a eternidade, é inconcebível, da mesma maneira a forma em si é impensável . Só compreendemos o tempo quando ele se materializa, se fenomeniza, em uma duração qualquer; só compreendemos a forma quando ela se determina como, por exemplo num círculo ou num triângulo.
(Para que a forma seja no espaço é necessário que à nossa concepção de círculo estivesse ligado um tamanho determinado).
Tudo isto quer dizer simplesmente uma coisa: que o tempo, a forma, etc., só se tornam perceptíveis quando encontram um objecto. Ora, para isto assim ser, é lógico que o objecto em si não conheça o tempo e o espaço, seja extemporâneo e imenso, anterior a tempo e espaço, se assim se pode falar.
Textos Filosóficos . Vol. II. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968.
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