Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa

Hoje, neste ócio incerto

Hoje, neste ócio incerto

Sem prazer nem razão,

Como a um túmulo aberto

Fecho meu coração.

Na inútil consciência

De ser inútil tudo,

Fecho-o, contra a violência

Do mundo duro e rudo.

Mas que mal sofre um morto?

Contra que defendê-lo?

Fecho-o, em fechá-lo absorto,

E sem querer sabê-lo.

9-2-1923

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).

 - 47.