Poetas: de construção; de intensidade; de profundeza.
Poetas: de construção; de intensidade; de profundeza.
A. O tipo normal do poeta de construção é, não um sentimento muito intenso nem muito profundo, mas de certo, médio, modo, intenso, e não necessariamente de igual modo profundo. Tipo do poeta de construção há os gregos no alto grau, e, no baixo grau, Corneille, Racine, etc.
B. O tipo normal e puro do grande poeta de intensidade é uma construção firme mas curta, incapaz de construir complexidades, e uma profundeza média. Victor Hugo é o melhor exemplo do tipo puro destes poetas.
C. Poeta profundo envolve [?] poeta de pensamento original, visto que nada há de profundo em transferir literalmente pensamento profundo alheio; e pouco transferir não-literalmente é poesia sem um pensamento original para lhe poder dar outra forma. Ainda assim este último é o grau médio, ou entre médio e grande, da profundeza. (Wordsworth’s Ode, Junqueiro, Luz). O poeta de profundeza é tipicamente incapaz de construir mesmo na extensão do poeta intenso; o pensamento é, de sua natureza, concentrado. Raras vezes é intenso o poeta de profundeza. Tipo de poeta de profundeza é Antero. Outro tipo é Pascoaes, que falha ao querer dar ou construção, ou intensidade.
Tipos mistos:
Poetas de intensidade e construção:
Milton (?), Junqueiro ( “Pátria”) — Junqueiro tem profundeza média — , Dante
Poetas de construção e profundeza:
Goethe (a construção um tanto estragada pela profundeza) .
Poetas de intensidade e profundeza:
Wordsworth (?), Coleridge (?), Browning (?).
Intensidade é saber manter através do seu desenvolvimento um tema qualquer (Ou, se [...] chamar, arte, que é isso — não há desta intensidade” na Salomé de Eugénio de Castro).
Páginas de Estética e de Teoria Literárias. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966.
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