[Carta a Ophélia Queiroz - 6 Maio 1920]
Meu Bebé pequenino:
Então o meu Bebé fez-me uma careta quando eu passei?
Então o meu Bebé, que disse que me ia escrever ontem, não me escreveu?
Então o Bebé não gosta do Nininho? (Não é por causa da careta, mas por causa de não escrever)
Olha, Nininha; e agora a sério: achei que tinhas um ar alegre hoje, que mostravas boa disposição. Também pareces ter gostado de ver o Ibis, mas isso não garanto, com medo de errar.
Ainda fazes muita troça do Nininho? (A. de C.).
Não sei se irei amanhã a Belém; o mais provável, como te disse, é que vá. Em todo o caso, já sabes: depois das 6.30 não apareço, de modo que escusas de esperar pelo Ibis para além dessa hora.
Ouvistaste?
Muitos beijos e um abraço à roda da cintura do Bebé,
Sempre e muito teu
Fernando
6.5.1920
Cartas de Amor. Fernando Pessoa. (Organização, posfácio e notas de David Mourão Ferreira. Preâmbulo e estabelecimento do texto de Maria da Graça Queiroz.) Lisboa: Ática, 1978 (3ª ed. 1994).
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