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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Ricardo Reis

Se já não torna a eterna primavera

Se já não torna a eterna primavera

        Que em sonhos conheci,

O que é que o exausto coração espera

        Do que não tem em si?

Se não há mais florir de árvores feitas

        Só de alguém as sonhar,

Que coisas quer o coração perfeitas,

        Quando, e em que lugar?

Não: contentemo-nos com ter a aragem

        Que, porque existe, vem

Passar a mão sobre o alto da folhagem

        E assim nos faz um bem.

s.d.

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.

 - 199.

1ª publ. in Fernando Pessoa - O Insincero Verídico . Adolfo Casais Monteiro. Lisboa: Inquérito, 1954