Antes de ti era a Mãe Terra escrava
Antes de ti era a Mãe Terra escrava
Das trevas súperas que da alma nascem
E caem sobre o mundo
Porque atrás o sol brilha.
A realidade ao mundo devolveste
Que haviam os cristãos fechado na alma
E as portas reabriste
Por onde aurora o carro
Ou Febo guie e os dois irmãos celestes
Quando no extremo mastro à noite luzem,
Mais valham que um luzeiro
Na ponta de um pau seco.
Restituíste a Terra à Terra. E agora
És parte corporal da própria terra,
Ou sombra (...)
Erras nas sombras frias,
Mas ao ouvir-te os povos com que auroras
Do abismo os íncolas as tristes frontes
Erguem e sentem deuses
Caminhar pelas sombras.
E eis que de nova luz o abismo se enche
E um céu raia a cobrir o absorto fundo
Da fauce misteriosa
Que traga o fim da vida.
Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.
- 205.


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