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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Ricardo Reis

Jovem morreste, porque regressaste,

                                 A. Caeiro

Jovem morreste, porque regressaste,

Ó deus inconsciente, onde teus pares

        De após Cronos te esperam

        Ressuscitados deles.

Antes de ti já era a Natureza,

Mas não a alma de compreendê-la.

        Deu-te o deus o instinto

        Com que sentir as cousas.

Os deuses imortais reconduziste

À humana visão obscurecida

        (...)

        (...)

Sós ficamos, mas não abandonados,

Porque a obra, que deixaste, és tu ainda

        Qual luz à extinta estrela

        Póstuma a terra alaga.

Por seu os deuses contam quem

E com teu nome a divindade prestas

        De ser eterna à pátria

        Odisseia cidade

Igual des ti às sete que contendem,

Cidades por Homero, ou alcaica Lesbos,

        Ou heptápila Tebas

        Ogígia mãe de Píndaro.

23-11-1918

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.

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