Ricardo Reis
Quero, da vida, só não conhecê-la.
Quero, da vida, só não conhecê-la.
Bastam, a quem o Fado pôs na vida,
As formas sucessórias
Da vida insubsistente.
Pouco serve pensar que são eternos
Os nossos nadas com que na alma amamos
Os outros pobres nadas
Que (...)
Gratos aos deuses, menos pela incerta
Posse do sonhado certo, recolhamos
A mercê passageira
De instantes que não duram.
6-8-1923
Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.
- 207.