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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Quem me amarrou a ser eu

Quem me amarrou a ser eu

Fez-me uma grande partida.

Debaixo deste amplo céu,

Não tenho vinda nem ida.

Sou apenas um ser meu.

Nem isso... Anda tudo à volta

A retirar-me de mim.

Parece uma fera à solta

Este mundo que anda assim

A servir-me de má escolta.

Quando encontrar a verdade

Hei-de ver se hei-de fugir,

Pelo menos em metade.

Depois ficarei a rir

Da minha tranquilidade.

16-6-1934

Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. (Direcção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno.) Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993).

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