A Maçonaria nada, pois, tem que ver com qualquer regime...
A Maçonaria nada, pois, tem que ver com qualquer regime ou partido político, excepto se ou quando esse regime ou partido atacam a tolerância ou oprimem a liberdade. Nada tem que ver, por igual, com qualquer religião ou doutrina excepto se essa religião ou doutrina esta nas condições indicadas. No caso que (...)
Nesse caso é dever de todo maçon combater quanto possa esse inimigo da liberdade, e é seu dever natural de maçon, independentemente de indicação directa da oficina de que seja obreiro, ou da obediência a que, ele e ela, pertençam. Tolerantes, ou antes indiferentes, de mais têm sido a M[açonaria] e os maçons para com tais doutrinas imprevidentes de mais para com elas quando ainda no início e mais fáceis portanto de combater. Foi esta falta de previsão que levou os maçons, e os liberais profanos em quem directa ou indirectamente influem, a considerar o "Integralismo Lusitano" como uma espécie de garotice miguelista, incapaz de crescer ou de ter força.
Da República (1910 - 1935) . Fernando Pessoa. (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Mourão. Introdução e organização de Joel Serrão). Lisboa: Ática, 1979.
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