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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Ricardo Reis

Nada fica de nada. Nada somos. [1]

Nada fica de nada. Nada somos.

Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos

Da irrespirável treva que nos pese

        Da húmida terra imposta,

Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas —

Tudo tem cova sua. Se nós, carnes

A que um íntimo sol dá sangue, temos

        Poente, porque não elas?

Somos contos contando contos, nada.

28-9-1932

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.

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