Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa

III - Ah, mas aqui, onde irreais erramos,

                III

Ah, mas aqui, onde irreais erramos,

Dormimos o que somos, e a verdade,

Inda que enfim em sonhos a vejamos,

Vemo-la, porque em sonho, em falsidade.

Sombras buscando corpos, se os achamos

Como sentir a sua realidade?

Com mãos de sombra, Sombras, que tocamos?

Nosso toque é ausência e vacuidade.

Quem desta Alma fechada nos liberta?

Sem ver, ouvimos para além da sala

De ser; mas como, aqui, a porta aberta?

......

Calmo na falsa morte a nós exposto,

O Livro ocluso contra o peito posto,

Nosso Pai Roseacruz conhece e cala.

s. d.

«No Túmulo de Christian Rosencreutz». Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

 - 251.