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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

DEPOIS DA FEIRA

DEPOIS DA FEIRA

Vão vagos pela estrada,

Cantando sem razão

À última esperança dada

À última ilusão.

Não significam nada.

Mimos e bobos são.

Vão juntos e diversos

Sob um luar de ver,

Em que sonhos imersos

Nem saberão dizer,

E cantam aqueles versos

Que lembram sem querer.

Pajens de um morto mito,

Tão líricos!, tão sós!,

Não têm na voz um grito,

Mal têm a própria voz;

E ignora-os o infinito

Que nos ignora a nós.

s. d.

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

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1ª publ. in Presença , nº 16. Coimbra: Nov. 1928.