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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Ricardo Reis

Não batas palmas diante da beleza.

Não batas palmas diante da beleza.

Não se sente a beleza demasiado.

        A beleza não passa

        É a sombra dos Deuses.

Mexa-se embora a nossa estéril vida,

Desdobre Éolo sobre nós seus sopros

        (...)

        (...)

As estátuas aos deuses representam

Porque as estátuas são calmas e eternas

        Nem lhes fiam seu curto

        E negro linho as Parcas.

Segundo frias leis Júpiter troa

Em certas noites aparece Diana

        E as leis porque aparece

        Dão-lhe a divina calma.

O que chamamos leis na acção dos Deuses

São apenas a calma que eles têm

        Não de cima lhes vêm.

        São a vida que querem.

s.d.

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.

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