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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Porque é que um sono agita

Porque é que um sono agita

Em vez de repousar

O que em minha alma habita

E a faz não descansar?

Que externa sonolência,

Que absurda confusão,

Me oprime sem violência

Me faz ver sem visão?

Entre o que vivo e a vida,

Entre quem estou e sou,

Durmo numa descida,

Descida em que não vou.

E, num infiel regresso

Ao que já era bruma,

Sonolento me apresso

Para coisa nenhuma.

6-9-1933

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

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