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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Álvaro de Campos

II - Deuses, forças, almas de ciência ou fé,

                II

Deuses, forças, almas de ciência ou fé,

Eh! Tanta explicação que nada explica!

Estou sentado no cais, numa barrica,

E não compreendo mais do que de pé.

Porque o havia de compreender?

Pois sim, mas também porque o não havia?

Água do rio, correndo suja e fria,

Eu passo como tu, sem mais valer...

Ó universo, novelo emaranhado,

Que paciência de dedos de quem pensa

Em outra coisa te põe separado?

Deixa de ser novelo o que nos fica...

A que brincar? Ao amor?, à indiferença?

Por mim, só me levanto da barrica.

s.d.

“Barrow-on-Furness”.

Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).

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