PSICOLOGIA FEMININA DO AMOR
PSICOLOGIA FEMININA DO AMOR
O que, subconscientemente, na rapariga honesta torna agradável o namoro, é nitidamente distrinçável. — Um acto agradável é agradável não só no acto mas na antecipação d'ele; e, ausentes certos elementos psicológicos não orientadores (?) d'esse acto, em geral, na antecipação ainda não imediata, porque na antecipação para d'aí a pouco a ânsia de [...], de chegar a ele, amorna (ou, perturba) um tanto o [...] da esperança. — Ora o flirt, o namoro, não é senão, analisada sem escrúpulo a sua essência íntima, uma antecipação da possibilidade de uma cópula. Repare-se que não é a antecipação de uma cópula, o que, por mais directo, é mais perturbante. — O que se chama o prazer puro do amor (no que é namoro ou flirt) não é senão um prazer muito grande porque isento (e n'esse sentido puro) do elemento perturbante do directo desejo, ou imediata esperança, do coito.
Pessoa Inédito. Fernando Pessoa. (Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.
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