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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Quem bate à minha porta

Quem bate à minha porta

Tão insistentemente

Saberá que está morta

A alma que em mim sente?

Saberá que eu a velo

Desde que a noite é entrada

Com o vácuo e vão desvelo

De quem não vela nada?

Saberá que estou surdo?

Porque o sabe ou não sabe,

E assim bate, ermo e absurdo,

Até que o mundo acabe?

23-5-1932

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

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