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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Álvaro de Campos

O mesmo Teucro duce et auspice Teucro

O mesmo Teucro duce et auspice Teucro

É sempre eras —  amanhã — que nos faremos ao mar.

Sossega, coração inútil, sossega!

Sossega, porque nada há que esperar,

E por isso nada que desesperar também...

Sossega... Por cima do muro da quinta

Sobe longínquo o olival alheio.

Assim na infância vi outro que não era este:

Não sei se foram os mesmos olhos da mesma alma que o viram.

Adiamos tudo, até que a morte chegue.

Adiamos tudo e o entendimento de tudo,

Com um cansaço antecipado de tudo,

Com uma saudade prognóstica e vazia.

s.d.

Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).

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