Álvaro de Campos
Que lindos olhos de azul inocente os do pequenito do agiota!
Que lindos olhos de azul inocente os do pequenito do agiota!
Santo Deus, que entroncamento esta vida!
Tive sempre, feliz ou infelizmente, a sensibilidade humanizada,
E toda a morte me doeu sempre pessoalmente,
Sim, não só pelo mistério de ficar inexpressivo o orgânico,
Mas de maneira directa, cá do coração.
Como o sol doura as casas dos réprobos!
Poderei odiá-los sem desfazer no sol?
Afinal que coisa a pensar com o sentimento distraído
Por causa dos olhos de criança de uma criança...
s.d.
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).
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