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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Talhei, artífice de um morto rito,

Talhei, artífice de um morto rito,

Na esmeralda de haver um mundo feito

Um brasão circunscrito

No anel em que é perfeito.

Fiz dele o símbolo de um prazer morto?

De um sonho por haver?

Não sei: a nau do sonho não tem porto

E é inútil querer.

Se isto não tem sentido, as rãs coaxam

O sentido que tem.

Vou ver se acho nos charcos onde as acham

Se afinal sou alguém.

15-9-1933

Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. (Direcção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno.) Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993).

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