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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Não é ainda a noite

Não é ainda a noite

Mas é já frio o céu.

Do vento o ocioso açoite

Envolve o tédio meu.

Que vitórias perdidas

Por não as ter querido!

Quantas perdidas vidas!

E o sonho sem ter sido...

Ergue-te, ó vento, do ermo

Da noite que aparece!

Há um silêncio sem termo

Por trás do que estremece...

Pranto dos sonhos fúteis,

Que a memória acordou,

Inúteis, tão inúteis —

Quem me dirá quem sou?

27-5-1926

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

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