Fernando Pessoa
Pouco importa de onde a brisa
Pouco importa de onde a brisa
Traz o olor que nela vem
O coração não precisa
De saber o que é o bem.
A mim me baste nesta hora
A melodia que embala,
Que importa se, sedutora,
As forças da alma cala?
Quem sou, para que o mundo perca
Com o que penso a sonhar?
Se a melodia me cerca
Vivo só o me cercar...
29-9-1926
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).
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