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Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Álvaro de Campos

Vai pelo cais fora um bulício de chegada próxima,

Vai pelo cais fora um bulício de chegada próxima,

Começam chegando os primitivos da espera,

Já ao longe o paquete de África se avoluma e esclarece.

Vim aqui para não esperar ninguém,

Para ver os outros esperar,

Para ser os outros todos a esperar,

Para ser a esperança de todos os outros.

Trago um grande cansaço de ser tanta coisa.

Chegam os retardatários do princípio,

E de repente impaciento-me de esperar, de existir, de ser,

Vou-me embora brusco e notável ao porteiro que me dita muito... mas rapidamente.

Regresso à cidade como à liberdade.

Vale a pena sentir para ao menos deixar de sentir.

s.d.

Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).

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