Fernando Pessoa
Vão na onda militar
Vão na onda militar
Os soldados a marchar
Com a banda a lhes tocar
O como têm que andar...
Vou na onda que é a vida
Com uma banda escondida
A tocar como hei-de estar
Entre essa marcha perdida.
Vou e durmo o meu caminho,
Como, no som do moinho,
Dorme o moleiro sozinho.
Durmo, mas sinto-me andar.
19-9-1933
Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. (Direcção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno.) Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993).
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