Proj-logo

Arquivo Pessoa

OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
pdf
Fernando Pessoa

Um muro de nuvens densas

Um muro de nuvens densas

Põe na base do ocidente

Negras roxuras pretensas.

Com a noite tudo acaba.

O céu frio é transparente.

Nada de chuva desaba.

E não sei se tenho pena

Ou alegria da ausente

Chuva e da noite serena

De resto, nunca sei nada,

Minha alma é a sombra presente

De uma presença passada.

Meus sentimentos são rastros.

Só meu pensamento sente...

A noite esfria-se de astros.

1-5-1929

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

 - 116.