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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

Guardo ainda, como um pasmo

Guardo ainda, como um pasmo

Em que a infância sobrevive,

Metade do entusiasmo

Que tenho porque já tive.

Quase às vezes me envergonho

De crer tanto em que não creio.

É uma espécie de sonho

Com a realidade ao meio.

Girassol do falso agrado

Em torno do centro mudo

Fala, amarelo, pasmado

Do negro centro que é tudo.

18-4-1931

Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. (Direcção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno.) Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993).

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