Fernando Pessoa
De aqui a pouco acaba o dia.
De aqui a pouco acaba o dia.
Não fiz nada.
Também, que coisa é que faria?
Fosse o que fosse, estava errada.
De aqui a pouco a noite vem.
Chega em vão
Para quem como eu só tem
Para o contar o coração.
E após a noite a irmos dormir
Torna o dia.
Nada farei senão sentir.
Também que coisa é que faria?
31-8-1930
Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).
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