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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

III - Adagas cujas jóias velhas galas...

                III

Adagas cujas jóias velhas galas...

Opalesci amar-me entre mãos raras,

E, fluido a febres entre um lembrar de aras,

O convés sem ninguém cheio de malas...

O íntimo silêncio das opalas

Conduz orientes até jóias caras,

E o meu anseio vai nas rotas claras

De um grande sonho cheio de ócio e salas...

Passa o cortejo imperial, e ao longe

O povo só pelo cessar das lanças

Sabe que passa o seu tirano, e estruge

Sua ovação, e erguem as crianças...

Mas no teclado as tuas mãos pararam

E indefinidamente repousaram...

s. d.

«Passos da Cruz». Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

 - 37.

1ª publ. in Centauro , nº 1. Lisboa: Out.-Dez. 1916.