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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

VII - Fosse eu apenas, não sei onde ou como,

                VII

Fosse eu apenas, não sei onde ou como,

Uma coisa existente sem viver,

Noite de Vida sem amanhecer

Entre as sirtes do meu doirado assomo...

Fada maliciosa ou incerto gnomo

Fadado houvesse de não pertencer

Meu intuito gloriola com ter

A árvore do meu uso o único pomo...

Fosse eu uma metáfora somente

Escrita nalgum livro insubsistente

Dum poeta antigo, de alma em outras gamas,

Mas doente, e, num crepúsculo de espadas,

Morrendo entre bandeiras desfraldadas

Na última tarde de um império em chamas...

s. d.

«Passos da Cruz». Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

 - 45.

1ª publ. in Centauro , nº 1. Lisboa: Out.-Dez. 1916.