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OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Fernando Pessoa

XII - Ela ia, tranquila pastorinha,

                XII

Ela ia, tranquila pastorinha,

Pela estrada da minha imperfeição.

Seguia-a, como um gesto de perdão,

O seu rebanho, a saudade minha...

«Em longes terras hás-de ser rainha»

Um dia lhe disseram, mas em vão...

Seu vulto perde-se na escuridão...

Só sua sombra ante meus pés caminha...

Deus te dê lírios em vez desta hora,

E em terras longe do que eu hoje sinto

Serás, rainha não, mas só pastora —

Só sempre a mesma pastorinha a ir,

E eu serei teu regresso, esse indistinto

Abismo entre o meu sonho e o meu porvir...

s. d.

«Passos da Cruz». Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

 - 55.

1ª publ. in Centauro , nº 1. Lisboa: Out.-Dez. 1916.