Entendamo-nos bem. Ninguém mais alto do qu eu grita a enorme,
Entendamo-nos bem. Ninguém mais alto do que eu grita a enorme, a flagrante originalidade da obra do sr. A.C., assim como a sua elevação, a sua (...) O que eu contesto no sr. C., dentre os predicados que ele diz ter, é a espontaneidade, a inocência, a perfeita simplicidade. Não creio que ele seja um espontâneo, nem que ele seja um ingénuo, nem que ele seja um (…)
Sobretudo não creio na falta de cultura que ele apregoa, nem na sua indiferença por tudo quanto é a Natureza.
Mas isto, que eu lhe contesto, não diminui a poesia de A.C. de como ele quer que nós a conheçamos. Antes, penso - e é isto que eu quero frisar flagrantemente - maior, mais alta, mais original, é a obra deste poeta, se ele, em vez de ser um ingénuo e um simples, é um intelectual, um consciente, um culto. Creio ter demonstrado as duas primeiras coisas; a terceira, não a posso demonstrar, mas posso afirmar que a creio.
Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa . Teresa Rita Lopes. Lisboa: Estampa, 1990.
- 357d.«A. C. - Artigo para A Águia»